Construindo à ATER para as quebradeiras de coco babaçu
com enfoque no fortalecimento
do extrativismo no Bico do Papagaio.
do extrativismo no Bico do Papagaio.
Maria Aparecida Morcef Bouzada (1)
Selma Yuki Ishii (2)
A APA-TO - Alternativas para a Pequena Agricultura no Tocantins - é uma Organização Não-Governamental, criada em 1992, por iniciativa das organizações do movimento sindical dos trabalhadores rurais do Tocantins e da Comissão Pastoral da Terra, como resposta ao surgimento de uma nova demanda de ação técnica, que garantisse a permanência dos(as) agricultores(as) familiares e dos(as) extrativistas na terra com a criação de inúmeros projetos de assentamentos de reforma agrária na região do Bico do Papagaio.
Para atingir sua missão, ao longo de sua caminhada, a APA-TO tem desenvolvido ações, que criaram referências de implementação de processos participativos de desenvolvimento local que melhoram a sustentabilidade dos sistemas de produção, dos níveis de renda familiar e garantir a segurança alimentar dos(as) agricultores(as) familiares e extrativistas.
Atualmente, o seu trabalho em desenvolvimento local e territorial está sendo realizado na região conhecida como Bico do Papagaio localizada no extremo norte do estado do Tocantins, caracterizada pela transição entre o bioma cerrado e a floresta amazônica.
Um dos elementos mais marcantes na paisagem regional são as palmeiras de babaçu (Orbignyia speciosa). Esta planta proporciona muitos benefícios para os(as) agricultores(as) familiares e quebradeiras de coco babaçu. Porém, os babaçuais estão ameaçados pela compra do coco inteiro pelas grandes indústrias, pela pressão da pecuária, pelo desmatamento, pela queimada descontrolada e pelo uso de agrotóxicos nas pindovas.
Frente à importância do babaçu na economia familiar e na valorização da identidade cultural das mulheres quebradeira de coco da região, ocorreu um processo de organização em núcleos produtivos e em associações locais e regionais para a defesa dos babaçuais e o seu livre acesso. Neste sentido, a APA-TO, em parceria com as organizações de mulheres quebradeiras de coco babaçu e outras organizações dos agricultores(as) familiares, tem buscado promover e fortalecer a cadeia produtiva do coco babaçu como instrumento de sustentabilidade social, ambiental e econômica dos(as) extrativistas na região. Uma estratégia dotada foi investir na diversificação dos produtos do babaçu, como o azeite, o mesocarpo, o carvão e o artesanato.
A APA-TO tem buscado atuar no sentido de contribuir para a autonomia das quebradeiras de coco babaçu na gestão da organização da produção e da comercialização. Em conjunto com as organizações e seus núcleos produtivos, têm trabalhado a cadeia produtiva do babaçu sob diferentes aspectos: promovendo cursos de formação em gestão administrativa e financeira e assessoria na gestão das organizações; na melhoria da imagem dos produtos e subprodutos do babaçu, por meio da construção de rótulos e embalagens; promovendo visitas de intercâmbio e cursos para ampliar o uso dos produtos do babaçu na alimentação das famílias.
No processo de comercialização investiu-se na construção do plano de negócios e vem articulando uma política de comercialização, cujo objetivo é promover e valorizar os produtos do babaçu, através de ações que permitam melhorar o acesso a novos mercados e impactar no aumento da renda das mulheres quebradeiras de coco.
Outra ação desenvolvida pela entidade é assessoria continuada para a rede de organizações que, direta e indiretamente, estão envolvidas com a cadeia produtiva do babaçu na região. Em resumo, vem assessorando as organizações para propor, negociar e articular as diferentes políticas públicas voltadas para o extrativismo do babaçu em diferentes nível: local, territorial, estadual e nacional.
Mais recentemente, a APA-TO conjuntamente com as organizações das quebradeiras de coco babaçu, têm participado de espaços de dialogo para a construção do Plano Nacional Para Promoção da Cadeia dos Produtos da Sociobiodiversidade (PNPSB), Trabalho este que vem sendo desenvolvido em parcerias com Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), onde o babaçu é uma das cadeias prioritária. No Tocantins, além de ter sido indicada pelas organizações da sociedade civil como ponto focal no PNPSB, está participando como membro da Câmara Setorial dos Produtos da Sociobiodiversidade, que deverá fortalecer os arranjos produtivos locais, buscando alternativas para fomentar o desenvolvimento de produtos do coco babaçu no estado.
Hoje, um dos grandes desafios para continuidade do extrativismo do babaçu é envolvimento das novas gerações no processo de produção, comercialização e preservação do babaçu. Portanto, um dos caminhos percebidos pela APA-TO, na busca de solução desta questão são as atividades voltadas para o artesanato e formação da juventude, que tem importante papel na construção do desenvolvimento rural sustentável.
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1) Pedagoga, especialista em educação do campo e desenvolvimento territorial, assessora da APA-TO do programa de economia solidaria e formação.2) Agronoma, especialista em Agricultura familiar e desenvolvimento agroambiental, assessora da APA-TO do programa de manejo de agroecossistemas.
* Texto corrigido e editado por: João Palmeira
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